"Um dia um jovem rebelde, conhecido na vila por questionar tudo, vivia criando problemas. Cansado de ouvir recomendações de
como ele deveria ser, apareceu e me perguntou:
- Eu soube que o senhor é um sábio. Pois então me responda qual é o sentido da vida?
- Aquela pedra.
O jovem ficou surpreso com a resposta
- Como aquela pedra? - Perguntou o jovem.
- O que aquela pedra significa pra você? - perguntei
- Nada.
- Certo, a grama na qual você está pisando, pra que serve?
- Deixar o chão mais fofo? Sei lá, mas por que tudo isso?
- E os gafanhotos, para que servem?
- Servem para estragar a plantação da nossa horta.
- Então, meu filho, a resposta para a sua primeira pergunta só pode estar dentro de você.
- Como assim?
- Da mesma forma que a pedra não significa nada para você, você não significa nada para o morador da vila vizinha. Da mesma
forma que o gafanhoto estraga sua horta, o mundo pode achar que você só serve para estragá-lo. Só você pode dar um sentido
para a sua vida. Ou então ficar ali parado, que nem aquela pedra, se for o que achar melhor.
O jovem meio sem jeito agradeceu e foi embora pensativo."
"Em uma das minhas andanças pelo campo, encontrei um camponês que brigava com seu animal, pois o mesmo se recusava a sair
do lugar. O camponês usava uma vara de madeira para bater no animal, e gritava com o mesmo, que se recusava a sair do lugar.
Aproximei-me do camponês e perguntei:
- Por que agrides o animal?
- Porque ele se recusa a me obedecer.
Então eu dei uma pancada com minha bengala na perna do camponês que se virou bravo:
- Por que me bateu?
- Porque eu quero que o senhor vá agora e me traga um saco cheio de arroz.
- O senhor está de brincadeira. Eu vou é te dar uns tapas.
- Eu te bati, portanto você deve me obedecer.
- Você está louco!
E o camponês estava irritado e confuso. Então não perdi tempo e lhe disse:
- Se eu lhe bato e não me obedeces, o mesmo faz o seu animal, não importa quanto você o agrida. Trate os outros como gostaria
de ser trato e assim poderá obter o auxílio dos mesmos.
O camponês ficou confuso e parou um tempo para refletir. Eu deixei o local e fiquei observando o camponês de longe. Vi que
ele não mais agrediu o animal."
"Um dia um sacerdote veio à vila e começou a pregar sobre os seus deuses, mas não atraiu a atenção dos camponeses. Irritado, ele convocou uma reunião com todos os homens da vila, com o intuito de convencer os habitantes a acreditar em seus deuses. Ele dizia:
- Homens, vocês precisam acreditar nos deuses verdadeiros, caso contrário serão punidos por toda a eternidade. Vocês devem ser humildes e reconhecer o poder dos deuses.
- Mas nós já temos nossos deuses - respondeu um camponês.
- Mas seus deuses são falsos, são obra da mente de camponeses ignorantes. Os meus deuses sim são os únicos deuses verdadeiros.
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